2 de ago. de 2013

Estáticas estatísticas


Ante as estatísticas oriundas das cinco últimas exibições gremistas, o tom midiático é pungente: “O Grêmio não consegue se impor fora de casa”, “Quando o Grêmio ganhará fora de casa?” – em suma, constatações e questionamentos entremeados em uma aura de crítica e, até mesmo, sugestão de má fase.

Reitero: estatisticamente falando, não há o que refutar. Uma análise mais detida das recentes partidas, contudo, haverá de, não apenas contrapor, mas desconstruir uma eventual atmosfera negativista. Nortear-se unicamente pelas estatísticas – que, no fim de contas, trazem à tona o desempenho anterior à parada para a Copa das Confederações – com o intuito de cravar uma estaca sobre a postura da equipe a despeito da troca de comando chega a ser, arrisco, falacioso.

São cinco jogos sob o comando de Renato: duas vitórias, um empate e duas derrotas. Portanto, sete pontos conquistados dentre quinze disputados. A postura do elenco, todavia, é notavelmente outra. O ambiente de vestiário, pelo que se sabe, é melhor, a entrega dos atletas em campo tem sido maior – e, pouco a pouco, também o desempenho da equipe será mais equilibrado e regular, refletindo-se diretamente nos resultados.

Além da lição de casa devidamente feita – ressalte-se, contra o líder Botafogo e o atual campeão Fluminense, vencedor de dois dos três últimos Brasileiros –, um empate em 1x1 contra o Atlético Paranaense, uma derrota de 2x1 para o Criciúma construída à custa de duas expulsões pueris e, anteontem, o Grêmio sucumbiu por 2x0 ao Corinthians, atual campeão do mundo e há quase três anos comandado pelo melhor treinador do Brasil.

No Pacaembu, o aspecto negativo foi a gritante ineficiência do setor ofensivo, incapaz de construir sequer uma jogada bem trabalhada, com movimentação e bola de pé em pé – problema, aliás, que se arrasta desde a goleada de 4x1 sobre o Caracas, pela Libertadores, no início do distante mês de março. A contrapartida da partida, entretanto, mal foi notada pelos algozes de plantão, sempre atados às estatísticas: o sistema defensivo exerce marcação cada vez mais ferrenha, reduzindo ao máximo os espaços; não à toa, apesar do maior volume de jogo, o Corinthians não chegou aos dois gols sem dificuldade: o primeiro derivou de um suado rebote – sutilmente impedido – e o segundo, de um fortuito desvio na zaga gremista após cobrança de escanteio. Contudo, de pouco ou nada adianta, em termos práticos, uma marcação tenaz sem uma transição eficaz entre os setores defensivo e ofensivo. Eis, pois, o principal desafio de Renato frente à equipe tricolor, sobretudo longe de seus domínios. 

A evolução, analogamente à de 2010, é gradual – “demasiado lenta”, bradarão alguns – , mas palpável, bastando sensibilidade para percebê-la. Será posta à primeira prova de fogo no próximo domingo, precisamente no primeiro Gre-Nal da Arena e, para agravar o quadro, sem o cerebral Zé Roberto, que se recobra da lesão muscular sofrida na última partida. Conforme o desempenho no clássico, talvez se confirme empiricamente a teoria de que, em uma lúdica mescla de Charles Darwin e Isaac Newton, toda evolução gera uma reação. De preferência, rumo ao título.