19 de jul. de 2013

Motivador (Re)nato




No futebol, como na vida, às vezes tudo de que se precisa é abrir portas e janelas, a fim de ventilar o ambiente e renovar os ares. No atual caso do Grêmio, uma só porta: Portaluppi. E o mais curioso de tal fórmula, por assim dizer, é sua eficácia a despeito do bom trabalho outrora feito pelos antigos encarregados.

O Grêmio, hoje, vive um paralelo com o ano de 2010: à época, Silas, contratado no início do ano, fizera um excelente primeiro semestre – de quando data, aliás, o último título tricolor –, conquistando o Gauchão sobre o Internacional com uma exuberante atuação coroada por vitória de 2x0 no Beira-Rio no jogo de ida e com memoráveis exibições na Copa do Brasil, como o heroico 3x2 sobre o Fluminense no Maracanã, apesar de contar com um atleta a menos desde o fim do primeiro tempo, e a transcendental vitória de 4x3 sobre o Santos, ocasião em que o Grêmio reverteu uma desvantagem de 2x0, construída no primeiro tempo, para 4x2 em incríveis 18 minutos; na partida de volta, na Vila Belmiro, o tricolor gaúcho desafortunadamente sucumbiria à exímia equipe santista por 3x1, deixando a Copa do Brasil na semifinal.

Luxemburgo, tanto quanto Silas, viveu um ótimo momento e, sob certa ótica, deixou o seu legado: o Grêmio teve admirável participação no Brasileirão de 2012 e chegou à Libertadores deste ano – na qual, contudo, a equipe foi tão irregular quanto no pífio campeonato regional e, como Silas em 2010, o treinador foi demitido no primeiro turno do Brasileiro deste ano, mas mais prematuramente. O que torna tal analogia entre ambos os períodos ainda mais curiosa é o fato de que Renato substituiu ambos os treinadores demitidos; em 2010, como todos os gremistas haverão de recordar, a arrancada tricolor rumo às primeiras posições foi espantosa, sobretudo pelo segundo turno: apenas duas derrotas, diversas vitórias – muitas delas por goleada – e o título do turno com um desempenho superior ao do Fluminense, campeão daquele ano, no primeiro turno.

Por ora, tudo indica que a reação tende a se repetir com Renato assumindo as rédeas tricolores – e com bônus: ainda nas primeiras rodadas do longo campeonato e contando com um elenco, em tese, superior ao de 2010. Além de notavelmente superior a Luxemburgo em termos de vestiário, Renato não comete gafes grotescas como a de seu antecessor, no Chile, ao queimar a terceira alteração com o time vencendo e jogando melhor do que o Huachipato, sofrer a eventualidade da lesão de Werley e, pior, forçá-lo a permanecer em campo.

Renato, hoje, é melhor treinador do que Luxemburgo, motivacional e tecnicamente. E o Grêmio, agora, dispõe de muito mais tempo para reeditar a surreal reação esboçada em 2010 – que, por questão de poucos jogos, não culminou em título.