Os ingredientes citados
são componentes para uma receita de sucesso em qualquer área da
vida e não só para o futebol. Tal como água/malte/lúpulo na
fabricação de cervejas, as diferentes formas como são dosados e
misturados resultam em sabores diferentes ou sucessos diferentes de
acordo com o setor da vida, mas em TODOS os casos tais ingredientes
precisam estar presentes.
No caso do futebol e da
vida creio que a ordem dos fatores raramente se altera: o talento
para atingir um objetivo precisa ser constatado em primeiro lugar.
Neymar tem um talento absurdo. Zé Roberto, Vargas, Barcos e a
maioria dos atuais jogadores do Grêmio também têm grande talento.
Definido o talento é a
vez do trabalho. E Renato, com seu reconhecido talento para treinar e
motivar, consegue impor um ritmo de trabalho que antes não se via no
Grêmio. E não defino trabalho no futebol como apenas treinar, pois
é o que todos fazem. Trabalho sério é dedicação dentro e fora do
campo; é entregar-se de corpo e alma a um objetivo; comprometer-se e
ir além das obrigações básicas; treinar fundamentos, jogadas
ensaiadas, cobranças de falta, de pênalti, finalizações,
passes... e treinar à exaustão. Fora do local de trabalho algumas
ações da vida pessoal podem afetar drasticamente a vida
profissional, tais como se arriscar em alta velocidade com veículos,
usar entorpecentes, noitadas, escândalos e outras atitudes pouco
louváveis. Isso pode parecer idiota, mas vai diretamente contra o
ingrediente que defino como “trabalho”.
E para completar a
receita tem a sorte. Conheces alguém que tenha conquistado algo
grande sem uma dose mínima de sorte? Aquele acontecimento inesperado
que parece ter caído do céu na hora “H”; aquela bola que bateu
no travessão, mas por um capricho do destino rebate nas costas do
goleiro e entra; aquele pênalti contra que tiraria o time da
competição, mas que resvalou no vento e foi parar nas mãos ou pés
do goleiro.
Agora percebam as
conexões: a sorte JAMAIS chega desacompanhada do talento e do
trabalho. JAMAIS! Talvez para quem ganhe na megassena ou para as
celebridades instantâneas (como o termo define: de instante. Quando
o instante passa a pessoa some e isso não é “ser bem sucedido”),
mas não é do que falo e sim de pessoas e times campeões, que
conquistam algo pelo próprio mérito. Ninguém chega a isso sem uma
dose, ainda que pequena, de sorte.
Poderia citar infinitos
exemplos de gente bem sucedida e times campeões, mas não é o caso.
O que quero dizer é que muito talento e muito trabalho podem existir
sem sorte, mas raramente vão resultar em grande sucesso. Por outro
lado esperar que só a sorte apareça quase sempre acaba em
frustração ou em sucesso momentâneo como citei acima. É preciso
trabalhar duro dentro das possibilidades do talento para aumentar as
chances da sorte aparecer e, se ela aparecer, saber reconhecê-la e
aproveitá-la.
Sábado enfrentaremos a
Portuguesa, um adversário teoricamente fraco, pela última rodada do
1º turno. Depois começamos o returno contra o Náutico, o saco de
pancadas do campeonato. Meus respeitos aos dois times, mas no momento
é assim que são vistos. O Grêmio precisa treinar duro para tais
jogos, pois são adversários frágeis que tendem a cometer erros
(como aconteceu com a Ponte Preta) e o treinamento pesado servirá
para nos aproveitarmos dos momentos em que eles errarão (sorte
nossa), pois talento, o outro ingrediente, nosso time já tem.
Os concorrentes ao G4
chegaram e o líder disparou. Já estamos contando com a sorte de a
tabela nos favorecer nas 2 próximas rodadas. É hora de somar 6
pontos para se manter no grupo e manter vivas as esperanças. A
sorte, o trabalho e o talento estão lançados.
Saudações tricolores.
Fábio Guolo
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