Para quem, como eu,
acompanhou jogo a jogo aquele Grêmio de 1995 sabe que o momento
atual tem semelhanças para lá de gritantes com o daquela época. E
até mesmo algumas com a do Grêmio de 1983, ano do nosso primeiro
caneco continental.
Para começar, o
presidente do clube é o mesmo das duas conquistas anteriores: Fábio
Koff.
Em seguida vem a mítica
camisa 16: de Tarciso, o Flecha Negra, em 1983, de Jardel em 1995 e
que agora ressurge envergada pelo raçudo paraguaio Riveros. Só o
cara que fez nosso primeiro gol nessa Libertadores. E, a propósito,
é paraguaio. Outra coisa em comum com o time de 1995 e, se levarmos
em conta jogadores castelhanos em geral, é ponto comum também com o
time de 1983.
Depois, o time sem
grandes estrelas (incluindo o técnico), falível, com reforços da
base, com aproveitamento de refugos, negócios de oportunidade e com
melhorias que se fazem necessárias. Ponto também comum com os times
de 1995 e 1983. Talvez muitos não saibam disso hoje por verem apenas
vídeos com o melhores lances, por não serem nascidos ou serem
crianças demais na época, mas é a pura verdade. Aqueles times
também eram assim e, como o de hoje, poucos acreditavam neles.
As dificuldades, o
temor e o respeito dos adversários também são pontos equivalentes.
Desde o começo se diz que estamos em um “grupo da morte” e eu
venho dizendo: só é “da morte” porque estamos nele. E é assim
que nossos adversários nos veem: como um dos mais fortes e mais
respeitáveis do grupo. Eles também nos temiam e nos respeitavam em
1995. Ontem, depois do jogo, vários jornais uruguaios banharam o
Grêmio com palavras de respeito e admiração. E os adversários
idem, declarando que “...não é fácil enfrentar o Grêmio...” e
coisas do tipo. Ora, não se enganem: assim como em 1995, tal postura
tornará nosso caminho mais árduo, pois todos jogarão suas vidas
contra o Grêmio.
A raça gaucha, sem
acento mesmo, pois me refiro à raça da qual o gaúcho brasileiro
descende, que é a do campeiro castelhano, também se faz presente.
Não só nos pés dos garotos gaúchos da base, mas também com os
cinco estrangeiros castelhanos que temos no grupo. E a essa cultura
se fundem jogadores de outras regiões do Brasil como Zé Roberto,
Pará e Edinho que tanto quanto contribuem com seus estilos próprios,
assimilam a raça gaúcha. Assim como aconteceu em 1995 e em 1983. E
isso justifica o que noticiou o "Ovación" do Uruguai
ontem: "Grêmio deixou sua marca...são aguerridos, marcam, às
vezes com muita força...se diferenciam do resto do seu país, embora
tenha o bom trato com a bola também como característica".
E a sorte? É decisiva,
é claro! Lembro-me muito bem que após certas partidas de 1995
algumas coloridas me falavam: “levaram sorte!” ou “ganharam na
cagada, heim!” ou coisas do gênero. E eu respondia: “não basta
ser bom, tem que ter sorte. Time que só é bom não ganha título”.
Ontem levamos a sorte de o árbitro errar a nosso favor ao não
marcar pênalti com a mão de Barcos na bola. E creio que os árbitros
virão com tudo para prejudicar os brasileiros nessa Libertadores
pois, além de não termos representantes brasileiros na categoria,
os brasileiros ganharam 6 das últimas 9 edições, as últimas 4 em
sequência. Ou seja, se ganhar mais uma serão 7 em 10 (5 em
sequência) e é notório que a Conmebol não vê isso com bons
olhos. Mas o que importa é que nunca vi um time ser campeão sem uma
boa dose de sorte. E a julgar por ontem, tomara que ela esteja ao
nosso lado como esteve em 1983 e 1995.
Assim será nossa L.A.:
difícil, suada, peleada contra tudo e contra todos. Podemos esperar
que sejamos até roubados e agredidos, mas temos tudo para superar
todas as dificuldades.
Eu acredito!
Saudações tricolores.
Fábio Guolo
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