Quando
o Grêmio venceu a Libertadores de 1995 eu tinha 16 anos e me lembro
bem das cabeçadas fulminantes do Jardel estufando redes
indiscriminadamente. Aquele era um time pobre de opções táticas e
não tinha nenhuma estrela e, no entanto, foi campeão desbancando
grandes clubes brasileiros e sul-americanos. Outra característica muito importante era que não
chegava com tanta facilidade à meta adversária, mas quando chegava,
a taxa de conversão em gols era altíssima! A cada 2 ou 3
finalizações era um gol garantido.
Certa
vez, Galvão Bueno narrando disse algo como: “eles aprontam uma
correria enorme no começo...” se referindo à forte marcação
adiantada que o Grêmio fazia. Pegar todos os rebotes e toda e
qualquer sobra de bola era lei e muitos gols saíam desse tipo de
lance. No começo de cada jogo, o adversário que resistisse aos primeiros 20 minutos sem tomar gol poderia ter esperança de alguma coisa na partida, mas era difícil quem resistisse. A forte marcação na saída de bola que o Grêmio exercia
(característica do Felipão até hoje) induziam até os adversários
mais hábeis ao erro. A única forma de vencer o Grêmio era com
toques rápidos de primeira para fugir da marcação, mas isso poucos
times conseguiam e mesmo assim nem
sempre ganhavam.
Quando
o Grêmio se classificou às oitavas eu tive uma inexplicável
certeza, dentro do meu coração azul, que seríamos campeões.
Alguma coisa no ar me afirmava isso. A raça do time, a garra, a
vontade que eu sentia em cada jogador confirmava o presságio. Colorados
secavam jogo a jogo e eu dizia: “não adianta, esse caneco já é
nosso”. E eu falava com a convicção de quem tem certeza absoluta, de quem tinha uma premonição, não era flauta, não! E a cada jogo que passava era a mesma coisa
até que na final, no último jogo na Colômbia, os secadores vieram
e eu lhes disse: “hoje empataremos em 1 x 1 com gol de Dinho de
pênalti e seremos campeões”. Fica fácil lembrar e contar isso
hoje sem ninguém para corroborar, mas foi o que falei antes do jogo
e foi o que aconteceu. Fato que me rendeu o apelido de “mãe Diná”
por alguns meses.
Eu
não vejo e não sinto isso no time atual. Quero muito estar errado,
mas o meu palpite é que passaremos pelo San Lorenzo aos trancos e
barrancos e cairemos nas Quartas de final. A não ser que o time
volte a ter a atitude indignada que teve na fase de grupos. Marcação
frouxa, poucos chutes a gol e muitos erros de passe... não tem como! O
Grêmio de 95 errava muitos passes também, pois sua técnica era medíocre, mas a raça e a marcação eram tamanhas que em qualquer
erro de passe já tinha 2 na cobertura para recuperar
a bola! E isso fazia TODA a diferença! Não tinha bola perdida! E eu não vejo isso hoje.
Ontem
o Zé Roberto teve uma chance clara de marcar quando a bola cruzou a
área e ele não se jogou na bola de cabeça como deveria. Barcos
perdeu o tiro em 2 lances por medo de meter a bicuda na bola e ficou
culpando o Dudu. Luan errou um passe bisonho que colocaria Barcos na
cara do gol. Ele poderia até ter chutado forte a gol na esperança de um
rebote caso a bola não entrasse, mas fez a única coisa que não
podia: errar um passe. Chances claras desperdiçadas que me dizem que
perderemos mais uma L. A. por displicência de técnico e jogadores.
Quero
estar errado, mas não vejo como. E tu?
Saudações tricolores.
Fábio Guolo
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